CABO VITÓRIO
CONDENADO POR CORRUPÇÃO, RONEY NEMER AGORA QUER DRIBLAR CONCURSO PARA EMPREGAR VELHO ALIADO NA SEMOB
Mesmo reprovado na última etapa, Silas Lemos pode abocanhar a vaga por fora, graças ao jeitinho legal costurado nos bastidores do GDF pelo atual presidente do IBRAM — o condenado Roney Nemer

🧨 O absurdo escancarado
Condenado por corrupção, com os direitos políticos suspensos e proibido de contratar com o poder público, Roney Nemer não apenas ocupa hoje um cargo de prestígio no GDF — como também segue mandando com força nos bastidores. Mesmo fichado na Operação Caixa de Pandora, ele continua influente o suficiente para tentar transformar um aliado reprovado em concurso público em auditor da Secretaria de Transporte e Mobilidade do Distrito Federal (SEMOB).
Silas Lemos, atual diretor da própria SEMOB e braço-direito de Roney há mais de 20 anos, prestou concurso para o cargo de auditor de transportes. Avançou em algumas etapas, mas foi reprovado na fase final, o que deveria encerrar qualquer chance de posse.
Mas no GDF, onde o mérito pesa menos que a amizade certa, a derrota virou detalhe. Agora, com Roney atuando nos bastidores, Silas pode assumir a vaga mesmo sem aprovação — no grito, no jeitinho, e contra o que manda o edital.
🤝🏻 Os envolvidos — ficha suja e fidelidade cega
Roney Nemer foi condenado por improbidade administrativa na Operação Caixa de Pandora, com decisão confirmada em junho de 2025 (Processo nº 0068708-84.2010.8.07.0001). A sentença impôs suspensão dos direitos políticos por 8 anos, proibição de contratar com o poder público por 10 anos e uma multa de R$ 100 mil. Ainda assim, ocupa hoje o cargo de presidente do Instituto Brasília Ambiental (IBRAM) e continua atuando com força no tabuleiro político do GDF, como se a ficha suja fosse apenas um detalhe de rodapé.
Seu aliado mais próximo é Silas Lemos, servidor com quem mantém uma relação política de mais de duas décadas. Silas foi assessor em todos os mandatos parlamentares de Roney e hoje é diretor da própria Secretaria de Mobilidade (SEMOB).
Mesmo ocupando esse cargo comissionado, decidiu prestar concurso para se efetivar como auditor de transportes. O problema? Foi reprovado na fase final e, pelas regras do edital, está fora da disputa. Mas no GDF da velha política, reprovação não significa exclusão — significa só que alguém precisa mexer os pauzinhos por fora.
💼 A manobra — jeitinho à moda Buriti
Reprovado no concurso, Silas Lemos não poderia ser nomeado — a menos que o edital fosse reescrito para atendê-lo. E é exatamente isso que vem sendo articulado nos bastidores do GDF. A jogada é criar um novo curso de formação, não previsto no certame original, o que abriria uma brecha para convocar o aliado reprovado.
Não é a primeira tentativa de forçar a máquina. Antes disso, houve uma tentativa de alteração legislativa e até uma manobra para transferir 100 auditores da SEMOB para a DF Legal, numa clara tentativa de esvaziar a estrutura e gerar vagas artificialmente. A Justiça barrou o plano, classificando a movimentação como irregular.
Mas nada disso se mostra obstáculo para Roney, que mesmo condenado por corrupção, segue usando sua influência dentro do GDF para colocar um aliado reprovado pra dentro da estrutura pública — como se edital, reprovação e regra fossem só burocracia pra inglês ver.
🧠 Roney induz governador ao erro com “jeitinho” fora da lei
A tentativa de empurrar Silas Lemos para dentro da SEMOB vai além dos bastidores. Em vídeo compartilhado pelo próprio Roney Nemer em grupos de WhatsApp, o governador do DF aparece dizendo:
“Eu já autorizei o Roney a fazer esse segundo curso de formação. Já tem empresa contratada.”
O problema: a criação de um novo curso de formação contraria a Lei Distrital nº 4.949/2012 e o entendimento firmado pelo Supremo Tribunal Federal no RE 635739. Não há respaldo jurídico para a manobra, que afronta diretamente os princípios da legalidade e da impessoalidade no acesso ao serviço público.
Roney sabe disso — mas sua ânsia em efetivar o assessor de confiança em um órgão estratégico fala mais alto. E, nesse caminho, arrasta o próprio governador para uma decisão ilegal, com potencial de gerar nulidades, responsabilizações e dano ao erário. Tudo isso, para tentar encaixar um aliado reprovado onde não cabe.
🔥 O escândalo — a condenação que não serve pra nada?
A pergunta é inevitável: se nem uma condenação por corrupção barra o avanço desse tipo de influência, então pra que serve o discurso de combate à corrupção no Distrito Federal? Só pra campanha eleitoral?
🏛️ O retrato do sistema — quem tem padrinho, vai
Enquanto dezenas de candidatos aprovados no concurso da SEMOB aguardam nomeação dentro das regras, com notas válidas e paciência forçada, Silas Lemos — reprovado na fase final — tenta entrar pela porta dos fundos, puxado por um apadrinhamento explícito.
É o retrato fiel de um sistema em que a aprovação no concurso não vale tanto quanto a proximidade com quem manda. Quem estudou e passou espera. Quem errou e tem padrinho avança. No GDF, o mérito vira adereço, e a estrutura pública se molda ao interesse dos mesmos de sempre.
🖼️ A verdade por trás do quadro na parede
Na imagem, Silas Lemos e Roney Nemer aparecem sorrindo sob a frase bíblica: “Conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará”. Mas no Distrito Federal, a verdade não liberta — ela atrapalha.
Porque no GDF de hoje, o pecado não é corromper, manipular ou favorecer. O pecado é não ter padrinho. É ser ficha limpa, aprovado no concurso, e ainda assim ver o apadrinhado reprovado passar na sua frente.
A verdade está na parede. Mas o sistema prefere o retrato.
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